sexta-feira, junho 06, 2008




Os galhos acenam
acariciam...
ou é o vento

quinta-feira, maio 01, 2008

Sem título




Na carne quente do pombo desfigurado,

Sacia-se o gato

Com pequenas mordiscadas. Lambe,

Suja-se. Levanta os olhos amarelos,

Fendas negras como a pelagem.

Pára; observa.

Percebe que há mais olhos apreciando aquela carne.

Amedrontado e tímido,cerra os olhos e remexe o focinho no sangue.

Volta a abri-los.

O despenado, pelo gato não foi morto,

Por rodas fora caçado.

Não se sabe como.

Um pombo atropelado!?

Talvez fosse atrofiado,

Quiçá atrapalhado...

Não havia moscas rondando a carne ainda quente, não se via cabeça dele, estava completamente destruída.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Echoes


O abraço é música silenciosa
evocado da obscura idéia
no vaguear oceânico da contradição
do eu e a imagem-palavra
que não somos enquanto música,
enquanto eco silencioso.













domingo, agosto 19, 2007

Para um elo


Tateando as horas,
Um cálice se quebrou
Uma torrente paranóica de simulações-situações.
Interrompeu-se,
O sonho –
Imerso, real e sonho
Uma mesma coisa.

No sonho minha realidade
Frustada iterava.
Já não vivia mais.

É a repetição que criava
A realidade.
E um elemento constante,
Centro de minha reflexão –
Repouso egoístico.
Um ser,
Um elo.
A prisão!

Nem acaso, nem o fantástico;
Apenas aquela variação sobre o mesmo tema
Sempre sem desenvolvimento
Sem continuidade e ação
Numa pseudo-reflexão estava eu
Entre amigos, num falsear do ego –
Carícias que mantinham a situação,
Quando não me afastava do
Convívio.

Por isso ponho-me a escrever,
O cálice quebrou, cinco, sete pedaços...
A liberdade vislumbrei,
Porém não a consigo abraçar
Se ainda não conseguir compreeender
Nem separar os elos:
A muralha que cerca
Criando cotidiano
A mesmice reflexiva,
Existência degenerada
Impostura passiva
Do eu diante de mim mesmo.
E a liberdade num abismo.

segunda-feira, agosto 13, 2007



Correram, desesperados, os homens a lacrar o jarro
Por medo que males maiores viessem arrebatá-los.
Como que colados ao gargalo
As costas foram atacadas
Pelo medo, a mesma ilusão
Que encerra na pequenez da existência
A condição desamparada do homem sem seu deus
A clareza da ambigüidade
Renúncia e morte
A morte
O véu
Velar, revelar, ocultar
Verdade
O jogo mortal,
Esperam que este seja real.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Homo Homini Lupus
Homo homini lupus
O que pensa o homem?
Homo homini lupus
Com o Homem importa-se?
Homo homini lupus
Das espadas à ogivas
Homo homini lupus
Planta, colhe, cerca
Homo homini lupus
Mata, vende e farta-se
Homo homni lupus
Fecha e enterra-se
Homo homini lupus
Homo homini lupus
Homo homini lupus
Homo homini lupus
O homem tem Razão



Ainda não desisti da "Velha aranha e a emaranhada teia de livros", mas ando sem tempo para escrever; portanto, para não deixar isso abandonado escrevi esta pequena "canção" que leram vocês logo acima. Obrigado.

quarta-feira, janeiro 10, 2007


Das nuvens... quedam os delírios

Mas, agora, enxergo nas nuvens magistrais cavidades digestórias, revolto movimento de gotículas que decompõem seres imaginários, monstros grandiosos e leves, assustadores porém distantes, sopram com toda força - e, uivando nas frestas e corredores – desfazem-se em espiras brancas. Estas novas formas encontram outras, fundem-se e surpreendem com a construção dos mesmos seres anteriores vistos agora em novos ângulos. Com a riqueza e precisão criativa a mente nos presenteia com realidades oníricas ou até disléxicas, que dão ao novo ângulo caráter totalmente novo e não acreditamos estar vendo as mesmas figuras sempre.
Das efêmeras ruínas celestiais quedam minhas fantasias, porém, igualmente efêmeras. Súbito, num sopro, outras tomam lugar às anteriores. Elas caem das nuvens como penas, penas de pássaro penosamente pendulam astênicas no vento descontínuo. Se se arrisco em pegá-las, geralmente escapam-me; mas se estendo a mão num movimento lento e calmo, quase calculado, caem como luvas sobre os dedos. Numa poderosa ejaculação de tinta, cores, formas e movimento fecundam o plano bidimensional do papel. Deve, o narrador, passar tamanha credulidade para que o leitor,e este, já em ânsias de asco ou intensos delírios vicejantes seguirá todo e qualquer passo do vaidoso narrador – que tudo sabe e tudo vê.